Como no futebol, empresa é equipe. Cada integrante precisa cumprir bem sua função para que o resultado final seja o sucesso. Porém, no pensamento empresarial deve-se evitar o conceito de craque, como sendo aquele que no momento certo decide a partida e corre para o abraço; além, claro, de garantir uma remuneração excepcional em relação aos demais. Estrutura nesses moldes não terá futuro.
Se as coisas não vão bem, não é demitindo e contratando um jogador novo, ou melhor, um líder com ideias ousadas que os problemas desaparecem. Muito pelo contrário. As dificuldades também precisam ser superadas coletivamente, a partir de um processo de repensar o negócio, do nível físico ao mental, a partir do diálogo com todos os profissionais que acompanham o dia a dia da corporação, para se construir ou reconstruir o espírito de equipe.
O professor de Administração de Empresas e Gestão de Pessoas, da universidade Stanford, Jeffrey Pfeffer, entende que as organizações bem sucedidas, com alto desempenho, constroem suas lideranças em casa e não precisam importar talentos. “Devemos usar as habilidades naturais a favor da empresa", diz. Porém, alcançar a condição de transformação interna, de otimização de processos, exige predisposição para se abrir, rever a fórmula usada, desarmar os entraves físicos, bem como as ideias equivocadas. E pensar diferente, a partir de uma identidade corporativa com a qual os colaboradores se identifiquem.
Para Roberto Affonso dos Santos, da consultoria Ateliê – Desenvolvimento Humano e Organizacional, uma equipe é como um organismo vivo, um ser composto de partes interdependentes. Se uma delas estiver “doente”, ou a interação entre elas estiver com problemas, o organismo como um todo sofre. Por isso, a liderança, nesse contexto, tem como missão mais importante desenvolver a empresa como um grupo de pessoas alinhadas em torno do mesmo objetivo.
J. C. Bemvenutti, da MC2, empresa de gestão de pessoas, observa que num processo de mudança, todas as resistências que vêm à tona precisam ser trabalhadas. Os colaboradores precisam ser posicionados como agentes proativos e, para que isso aconteça, padrões mentais precisam ser quebrados. A partir daí ocorrem novas percepções e comportamentos. “Não existe aprendizado se não houver mudança de comportamento. O processo de aprender envolve o racional e também o emocional”, destaca em seu site www.bemvenutti.com.br.
Bemvenutti entende que o mundo já passou pela era da propriedade, do capital e da tecnologia. Hoje a humanidade depara-se com a era da competência e do comprometimento. Ou seja, o foco principal agora está nas pessoas. “Elas têm que saber e querer. Qualquer organização empresarial que não tenha bem focada qual sua missão e quais são os seus valores estará vulnerável, com uma séria desvantagem competitiva”.
Pfeffer orienta que para se fazer o diagnóstico da empresa e iniciar o processo de "alinhamento" à nova fase, os líderes precisam levar em conta as seguintes questões: Qual é a estratégia de sua organização? O que a diferencia dos concorrentes? Quais são as capacitações e competências pretendidas por sua empresa? Quais capacitações, habilidades, atitudes e comportamentos são necessários para que sua empresa execute com sucesso a estratégia pretendida? Quais são as políticas e práticas atuais de sua empresa com relação a recrutamento, seleção, remuneração e desenvolvimento profissional?
O aspecto mental de uma empresa revela a essência da organização. Na opinião de Pfeffer, “em cada setor, o que separa as empresas umas das outras não é o que elas fazem, mas o que pensam”. E pensamento não pode ser copiado. "Para obter resultados diferentes, você tem que fazer coisas diferentes. Mas, para fazer coisas diferentes – pelo menos durante um longo período de tempo e automaticamente –, você tem que pensar de maneira diferente", conclui. Ou seja, como no futebol, quando a jogada é realizada em equipe o resultado é sempre melhor.