O conjunto formado por visão, missão e valores é o cenário onde a cultura empresarial será construída. Ordem e Progresso. Estas duas palavras são conhecidas do povo brasileiro por constarem na bandeira nacional. Porém, elas significam mais do que uma simples legenda e indicam o caminho para a transformação de uma nação e, por que não, da sua empresa. A ordem é o mesmo que organização; e o progresso, o desenvolvimento; ambos sinônimos que compõem a base de uma cultura organizacional. Mas como desenvolvê-los na sua empresa?
A incapacidade de organização é um mal ancestral entre a maioria dos brasileiros, porém fugir deste vício nacional é possível. Para que a cultura organizacional seja implantada, siga alguns fundamentos: pensamento sistêmico; aprendizado organizacional; cultura de inovação; liderança e constância de propósitos; orientação por processos e informações; visão de futuro; geração de valor; valorização das pessoas; conhecimento sobre o cliente e o mercado; desenvolvimento de parcerias; e responsabilidade social.
Estes temas descritos sempre estarão presentes no Boletim do Empresário por serem atuais e considerados fundamentos de excelência pela FNQ (Fundação Nacional de Qualidade), baseados em práticas encontradas em organizações líderes. Dessa forma, obter conhecimentos sobre a própria empresa, e sobre o mercado atual favorecem o crescimento empresarial.
Cultura empresarial
Para o psicólogo organizacional e consultor de empresas Marcos Kraide, as organizações, tal como os países, têm uma cultura única. "Ela manifesta-se por meio de padrões de comportamento, resistência dos gestores e dos empregados às mudanças, como conseqüência dos valores, crenças, mitos e tabus. Por isso, é crucial que as empresas divulguem, de forma explícita, quais são os princípios que norteiam sua gestão", afirma. Para ele, a razão por que algumas empresas têm sucesso a longo prazo, enquanto outras fracassam, está na sua cultura organizacional.
Cultura de valorização das pessoas
Uma perigosa armadilha, na qual muitos empresários ainda caem, é a desconsideração em crenças e valores dos colaboradores. De acordo com Kraide, utilizando-se da regra do poder unilateral, é possível que o empresário inicie um caminho fácil para a derrota. "O poder deverá ser exercido em múltiplas direções. Os gestores devem deixar claro o que esperam dos seus colaboradores e ficar sempre atentos às inovações propostas por eles, assim como seus anseios e necessidades", lembra. O sucesso da organização apenas será alcançado se ambos os lados sentirem-se parte de uma mesma cultura.
Cultura de mercado
O fato é que a cultura organizacional precisa ser constantemente renovada, de acordo com as tendências de mercado. Foi o que fez a Coca-Cola quando pretendia mudar a forma de suas garrafas. Houve muitos protestos, mesmo com pesquisas de marketing que apontavam a necessidade dessa operação. Assim, a empresa pensou numa solução: ao lado da nova embalagem, lançada no mercado, o antigo formato foi batizado de "classic coke", como consta no texto "Mundialização e Cultura", de Renato Ortiz.
Mesmo numa era de grande dinamismo, tudo pode ser mudado na empresa, exceto seus valores básicos. "Estes têm de ser imutáveis", afirma Kraide. Porém, ele ressalta que a abertura para a mudança já se tornou uma característica indispensável no atual mundo corporativo. "Entretanto, a história da organização não pode ser relegada para segundo plano; e a tradição, materializada pelas conquistas do passado, deverá tornar-se referência no presente", afirma. O grande desafio, portanto, é aliar o passado vitorioso com um presente preparado para a melhoria contínua.