A disputa pelo consumidor sempre foi uma característica marcante no mundo dos negócios. Na atual conjuntura, o cliente quer sempre mais por menos, mostra o que quer comprar, quanto e como quer pagar, sinalizando claramente que não é mais tão fiel a marcas como antigamente e a competição tornou-se muito mais acirrada, criando um ambiente de “hipercompetitividade”.
Atualmente os concorrentes estão com seus diferenciais competitivos cada vez mais próximos, categorizando um ambiente semelhante a “um grid de largada de Fórmula 1”, onde a diferença de tempo entre os primeiros colocados é calculada em milésimos de segundo; as vantagens são conquistadas nos mínimos detalhes e a diferença entre vencedores e vencidos é dada numa fração de segundos.
Como são tantas as mudanças que estão estabelecendo a nova dinâmica dos negócios, as empresas necessitam rever muitas das posições firmadas.
Em alguns casos, pode até soar estranho, os concorrentes estão deixando de ser adversários para tornarem-se parceiros em negócios específicos. A competição pelo consumidor continua, só que num outro formato.
A grande verdade na discussão sobre concorrentes é que não há mais como esconder seu negócio deles. É preciso se conscientizar que há uma facilidade muito grande no acesso às informações sobre o que acontece com as empresas e seus negócios, reforçada, por exemplo, pela Internet e globalização.
A nova realidade desenha um modelo de negócios não mais associado a um jogo de pôquer, onde um adversário desconhecia as cartas do outro. Ela é, sim, semelhante a um jogo de xadrez, onde as peças estão postas à mesa e podem ser vistas por todos os adversários.
A diferença está na inteligência, rapidez e firmeza que o jogador, no caso a empresa, reserva nos movimentos de suas peças, articulados sob sua estratégia.
Independente das condições de acordo ou disputa com concorrentes, deve haver um equilíbrio entre os focos oferecidos a consumidores e concorrentes. Negligenciar qualquer um deles pode custar caro!
A história intitulada “A Ratoeira” ilustra muito bem tal proposta, além de apresentar os padrões de concorrência na atual conjuntura de negócios. Conforme descrição no livro Marketing Trends (M.Books, 2004, p.133), de Francisco Alberto Madia de Souza, seu contexto se desenvolve neste sentido:
“Um certo dia, o rato olha pelo seu buraco na parede e vê o fazendeiro desembrulhando uma reluzente ratoeira. Sai correndo pela fazenda gritando: 'Cuidado, há uma ratoeira na casa...'
A galinha deu um sorriso e comentou: 'Ratoeiras só dizem respeito aos ratos'. Já o porco, manifestando solidariedade ao rato, disse: 'Cuide-se, mas, se o pior acontecer, prometo rezar por sua alma'. E o boi continuou ruminando, indiferente, fingindo não ver o desespero do rato. Ou seja, para o pobre rato só restou encarar a ratoeira de frente...
Na mesma noite, a ratoeira funcionou. Só que, em vez do rato, acabou 'fisgando' o rabo de uma cobra venenosa, que picou a distraída mulher do fazendeiro, levada imediatamente ao pronto-socorro. Devidamente medicada, a mulher passou duas semanas de cama, com muita febre, e acabou sobrevivendo.
Só que, para atenuar a febre, nada melhor que uma canja - e lá se foi a galinha. Para alimentar os parentes e amigos que vieram visitar a mulher, o porco foi para o forno. “E, para comemorar a recuperação da mulher, nada melhor que um churrasco - e desta vez o ‘voluntário’ foi o boi”.
Moral da história: concorrente seu não é apenas aquela empresa que presta o mesmo tipo de serviço ou comercializa o mesmo produto que sua empresa. Hoje, a concorrência não é apenas específica, mas genérica: todos os produtos e serviços estão concorrendo pela escolha que o consumidor oferece a seu poder aquisitivo.
Faça uma associação de tudo o que foi comentado com os negócios de sua empresa e tire suas próprias conclusões; mas seja inteligente, rápido e firme!